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Unidade 2


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Introdução

Olá, caro (a) aluno (a)! Ao longo de nossos estudos falaremos a respeito dos documentos sociais e o processo de trabalho do(a) Assistente Social. Para um melhor entendimento o tema foi subdividido em quatro momentos: atendimento social, acompanhamento social, reuniões, ata e o trabalho de campo.

O objetivo da unidade é demonstrar de uma maneira geral as principais características dos documentos elaborados em cada uma dessas etapas de atendimento.

Primeiramente falaremos sobre o processo de acolhimento, elaboração e execução da ficha de anamnese social, como deve ocorrer uma entrevista social e como são realizados os encaminhamentos sociais.

Logo após será abordada a elaboração do prontuário social e da ficha de acompanhamento dos usuários.

Em um terceiro momento a elaboração de uma ata será descrita brevemente e, para finalizar, discorreremos a respeito da elaboração do diário de campo.

Atendimento Social: Acolhimento, Anamnese Social, Entrevista Social e Encaminhamento Social

Iniciaremos nossos estudos esclarecendo a diferença entre instrumentalidade, instrumentais e técnicas, e posteriormente falaremos a respeito do atendimento no Serviço Social, do processo de acolhimento, da anamnese social, da entrevista e encaminhamento sociais.

Figura 2.1 - Atendimento Social
Fonte: Jakub Jirsak / 123RF.

FIQUE POR DENTRO

Campo de atuação paro o Serviço Social

A atuação do assistente social realiza-se em organizações públicas e privadas e em diferentes áreas e temáticas, como proteção social, educação, programas socioeducativos e de comunidade, habitação, gestão de pessoas, segurança pública, justiça e direitos humanos, gerenciamento participativo, direitos sociais, movimentos sociais, comunicação, responsabilidade social, marketing social, meio ambiente, assessoria e consultoria, que variam de acordo com o lugar que o profissional ocupa no mercado de trabalho, exigindo deste um conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo.

Fonte: Maria Cristina Piana (2009).

Considerando os estudos de Lavoratti (2016), a instrumentalidade está relacionada às três dimensões que direcionam a profissão de Serviço Social: a teórico-metodológica, a ético-política e a técnico-operativa, em que estão inseridos os  instrumentais e as técnicas.

Os instrumentais são, portanto, os instrumentos que temos para materializar nossas intervenções, sempre embasados e direcionados pelas dimensões teórico-metodológicas e ético-políticas, enquanto a técnica é a habilidade de manusear os instrumentais que devemos carregar em toda nossa caminhada profissional, pois é por meio das intervenções que o assistente social manifesta a imagem da profissão, daí a importância de nossas posturas, ações e intervenções serem pensadas cotidianamente. Por isso:

Os assistentes sociais estão cotidianamente desafiados a repensar as mediações teórico-práticas que constroem na sua atuação profissional, traduzidas em suas ações, suas posturas e posicionamentos. Esse desafio implica em buscar uma constante análise sobre o exercício profissional. Análise essa que nos faz questionar, refletir e reconstruir estratégias para o atendimento das demandas que se apresentam ao cotidiano profissional (PORTES; PORTES, 2016, p. 71).

Sendo assim, a reflexão durante o processo de trabalho nos leva a intervenções estratégicas; no entanto, Portes e Portes (2016) apontam em seus estudos para o fato de que a relação entre técnico e usuário caracterizou-se historicamente como moralizadora, coercitiva e autoritária, postura contrária à do Código de Ética do Serviço Social de 1993.

O Código de Ética Profissional de 1993, em seu artigo 5º, Capítulo I, Título III, nos mostra que, dentre outros:

Art. 5º São deveres do/a assistente social nas suas relações com os/as usuários/as: [...] b- garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e consequências das situações apresentadas, respeitando democraticamente as decisões dos/as usuários/as, mesmo que sejam contrárias aos valores e às crenças individuais dos/as profissionais, resguardados os princípios deste Código; [...] d- devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos/às usuários/as, no sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus interesses; e fornecer à população usuária, quando solicitado, informações concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as suas conclusões, resguardado o sigilo profissional; g- contribuir para a criação de mecanismos que venham desburocratizar a relação com os/as usuários/as, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados; h- esclarecer aos/às usuários/as, ao iniciar o trabalho, sobre os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional (CFESS, 1993, p 8).

Diante do exposto por Portes e Portes (2016) e CFESS (1993), percebemos que o usuário é peça fundamental e indispensável do processo de trabalho do assistente social, e por isso seguir os princípios da relação entre profissional e usuário é indispensável para subsidiar e nortear nossas intervenções, além de permitir que os usuários se vejam como sujeitos de direitos e autores de suas próprias histórias.

Portes e Portes (2016) apresentam o acolhimento como um processo e estratégia de aproximação com os usuários, pois quando demonstramos interesse por suas vivências, experiências e modos de vida, evidencia-se a preocupação do profissional com o sujeito, sinalizando ainda interesse por suas histórias; no entanto, as autoras colocam que tais ações devem ser pautadas sempre na ética profissional, e desta forma a relação entre o profissional e os usuários estará pautada em princípios de participação.

Portanto:

[...] O acolhimento pressupõe que o assistente social deve manter uma postura receptiva, sem emitir julgamentos de valor que incitem ao preconceito e à discriminação. A escuta qualificada pressupõe compreender as necessidades sociais do usuário, suas opiniões, suas experiências sociais e os motivos visíveis e também não visíveis que o levaram a buscar o serviço (PORTES; PORTES, 2016, p. 74).

No entanto, Portes e Portes (2016) nos instrui a não sermos meros ouvintes. Como falamos anteriormente, é necessário, sim, demonstrarmos interesse pelas demandas e contextos postos pelos nossos usuários, mas o que eles esperam de nós é que sejamos mais que apenas ouvintes.

REFLITA

Humildade, peça fundamental para se colocar no lugar do outro

Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim? Como posso dialogar se me admito como homem diferente, virtuoso por herança, perante os demais, meros objetos nos quais não reconheço outro eu? Como posso dialogar, se me sinto participante de um ‘ghetto’ de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os demais são ‘essa gente’ ou são ‘uns caipiras ignorantes’? Como posso dialogar, se me fecho para não me dar aos outros, aos quais jamais reconheço e até me sinto ofendido pela contribuição que eles, por acaso, me queiram dar? Como posso dialogar, se temo a superação e se só em pensar nela, sofro e desfaleço?

Fonte: Freire (1996, p. 2).

Os sujeitos atendidos pelo Serviço Social esperam do profissional respostas às suas demandas. Além de ouvidos atentos a população com que trabalhamos espera de nós, enquanto profissionais, uma postura que vai além do alívio às suas tensões cotidianas.

Seguindo os estudos de Portes e Portes (2016, p. 74), “o papel do assistente social não é o de mero ouvinte, mas ele é um sujeito participante de todo o processo de atendimento ao usuário.”

E isso se dá pelo fato de termos um propósito claro para realizar: tarefas, deveres e objetivos, durante e após nossos atendimentos; é por isso que Portes e Portes (2016) dão continuidade em seus estudos, dizendo que não somos meros expectadores em nosso campo de atuação, mas vamos além - somos membros participantes, com responsabilidades e funções a cumprir.

Responsabilidade de subsidiar essa reflexão com o novo que ela vai demandar, responsabilidade de buscar, junto, a unidade das informações e  demandas que as pessoas estão trazendo desarticuladamente, possibilitando sua articulação num todo coerente. Responsabilidade de apresentar propostas viáveis, para que os usuários saibam por que retornar ao serviço, que expectativas alimentar, o que esperar (PORTES; PORTES, 2016, p. 75).

O assistente social, portanto, após ouvir com atenção o sujeito, necessita desenvolver estratégias a fim munir-se de conhecimentos e informações a respeito dos serviços prestados pela política social. Depois de ouvir o usuário, precisa informá-lo, lançando mão de procedimentos que o esclareçam sobre os serviços ofertados pela política social oferecida pela instituição.

Sendo assim, Portes e Portes (2016) esclarece que, desde o primeiro contato com o usuário, o processo de acolhimento deve ocorrer de forma a fazer a população atendida compreender os serviços oferecidos pela instituição, os papéis do assistente social e demais membros da equipe, o cronograma de atividades institucionais, a rede de atendimento que pode ser acessada naquele município e região quando necessário, etc., esclarecendo ainda as decisões de intermediações que foram realizadas, de modo que os usuários se sintam sujeitos e também responsáveis pelas escolhas das intervenções.

Diante da fala das autoras percebemos que o processo de atendimento é definido tanto pelo profissional quanto pelos usuários do serviço, de modo que ambos são responsáveis pelas escolhas e estratégias de atendimento.

No entanto, caro(a) aluno(a), é válido lembrar que mesmo que atuemos da forma mais ética possível, irão sempre surgir inúmeras situações que não conseguiremos resolver totalmente.

Portes e Portes (2016, p. 76) trazem a seguinte explicação:

É bom lembrar que o estatuto de assalariamento demarca os limites da profissão e que, mesmo demonstrado respeito ético para com o usuário, as situações por ele apresentadas não encontram a resolutividade pela intervenção profissional, até porque existem aspectos da realidade social e institucional que extrapolam a competência do assistente social, sob as quais não se tem gerência e poder de decisão.

As reflexões feitas ao longo de nossos estudos sobre o processo de acolhimento nos permitiu compreender que ele ocorre desde o primeiro atendimento, e é por meio dele que se inicia o processo de construção da confiança e vínculo entre o assistente social e a população atendida, podendo também contribuir à compreensão da dimensão técnico-operativa da abordagem como um processo de acolhimento.

Sabemos que existe a precarização em nossos campos de trabalho, o que acaba limitando nossas intervenções. No entanto, a adoção teórica é um rico instrumento para nos capacitar para uma interpretação crítica e investigativa da realidade social vivida pela população, abrindo mão, então, da atuação tecnicista e de uma interpretação e intervenção mecânicas e imediatas, que pouco pode contribuir à vida dos usuários; vemos aqui então a necessidade da relação entre teoria e prática, pois,

A complexidade das expressões da questão social que afetam a vida cotidiana exige uma intervenção profissional que também obedeça a essa complexidade. Um profissional como o assistente social, que é requisitado a construir respostas de enfrentamento às refrações da questão social, precisa reconhecer que o campo profissional é prenhe de tensões e sujeito às faticidades e por isso mesmo carece de conhecimentos que o instrumentalize, o capacite a reconstruir suas ações profissionais (PORTES; PORTES, 2016, p. 76).

Por isso, caro(a) aluno(a), apontamos aqui a importância do aprimoramento intelectual ao assistente social, sendo esta a apropriação que nos capacita a compreender os processos sociais contraditórios que existem em nossa sociedade e ressignificar a intervenção profissional de forma a materializar a dimensão técnico-operativa da profissão.

A seguir será discutida a anamnese social, e para entendê-la iremos primeiramente falar sobre o significado de anamnese e em seguida sobre o do termo social. Então, vamos lá!

É mais comum se encontrar o termo anamnese em artigos e estudos relacionados à medicina; uma descrição encontrada foi de Filho (1994), que diz que a anamnese é aplicada com a finalidade de levantar informações que colaborem para um diagnóstico médico.

Um dos elementos essenciais à confecção de diagnósticos médicos é a anamnese realizada com os pacientes, mediante a qual se buscam elementos em sua biografia que corroborem alguma hipótese de diagnóstico. Trata-se de uma tarefa essencialmente interpretativa, em que há uma relação reflexiva entre as hipóteses formuladas pelos médicos e os comportamentos e motivações associados ao diagnóstico (FILHO, 1994, p. 41).

Quando pensamos no termo social, ao consultar o dicionário da língua portuguesa Aurélio (2011), percebemos que significa “sociedade”, ou algo relativo a ela.

Ao pensar na junção dos termos e seu significado ao Serviço Social segundo Sampaio (2006) e Pinto (2006), percebemos que os dados e as informações dos usuários atendidos pelos assistentes sociais são coletados por meio de uma anamnese social.

Vemos então que Pinto (2006), por meio de uma pesquisa, buscou identificar se pacientes atendidos por um determinado Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) estavam inseridos no mercado de trabalho e como ocorria essa inserção, e para isso utilizou-se de levantamento de dados dos ex-usuários através de seus prontuários.

Ele deixou em seus estudos a seguinte informação:

Através da ficha de anamnese são coletados os dados referentes à: idade, comunidade onde reside, condição profissional, estado civil, internamentos anteriores, atividade de trabalho e caracterização de caso. Essas informações possibilitaram um maior entendimento sobre qual é a situação de vida de cada usuário, possibilitando assim entender porque e em que condições o mesmo encontra-se fora ou dentro do mercado de trabalho (PINTO, 2006, p. 208).

Desta forma, a ficha de anamnese serve para compreender a relação da população atendida pelo serviço social com a sociedade, trazendo luz a suas relações com o mundo do trabalho, suas relações familiares, local onde mora, grau de instrução, estado civil, dentre outras informações mais específicas à política social que a instituição implementa e ao serviço ofertado ela. Como exemplo, um dos meus campos de atuação enquanto assistente social é uma Comunidade Terapêutica localizada na região norte do Paraná-PR, e por se tratar de uma instituição que acolhe usuários abusivos e/ou dependentes de substâncias psicoativas, é importante conter na ficha perguntas a respeito do uso e possíveis acolhimentos e tratamentos anteriores, além das informações citadas anteriormente.

No entanto, caro(a) aluno(a), em cada campo de atuação teremos autonomia para desenvolver um modelo de anamnese social onde podem constar as informações que eticamente consideramos importantes aos nossos atendimentos. É válido colocar que anamnese social também recebe o nome de ficha social.

Para esclarecimento, seguem dicas para a elaboração de uma anamnese social:

I Identificação Dados pessoais: nome do entrevistado (completo); idade; sexo; estado civil; escolaridade; ocupação; renda pessoal e familiar; recebe algum benefício assistencial ou aposentadoria (se alguém da família recebe); composição familiar (pessoas que residem na casa, independente de laços sanguíneos); endereço (com referências de localização).
II Demandas Motivos da procura do Serviço Social (conteúdo tratado na entrevista).  
III Atitudes, sentimentos, expectativas Expressos pelo usuário frente aos assuntos tratados.
IV Dificuldades Questões emocionais do usuário ou do assistente social e suas possíveis causas, além de estratégias para superá-las.  
V Avaliação e encaminhamento Retomada dos objetivos iniciais e busca de alternativas possíveis de ações (propostas pelo usuário e pelo assistente social) frente às demandas apresentadas.
VI Proposta de Ação Escolha da alternativa mais adequada para cada caso atendido, de modo a garantir os direitos sociais, definição conjunta de tarefas/encaminhamentos, tempo para realização das ações propostas e reavaliação das estratégias adotadas.

Quadro 2.1 - Dados para anamnese
Fonte: Lavoratti (2016, p. 99).

Dando continuidade a nossos estudos, falaremos sobre a entrevista no Serviço Social e abordaremos ao longo do texto sua operacionalidade no exercício profissional, trazendo também as principais modalidades de entrevista e as etapas para sua realização.

Costumo dizer que lidar com o público é como se fosse uma “caixinha de surpresa”, nunca sabemos o que de fato irá ocorrer em nossos atendimentos. Não podemos prever as demandas que irão chegar até nós e nem “adivinhar” os valores, princípios e intenções que estão por trás da fala, gestos e até mesmo dos silêncios dos usuários.

Primeiramente, então, precisamos nos despir de nós mesmos, vestindo-nos com a roupagem das dimensões teórico-metodológica e ético-política que fundamentam o Serviço Social enquanto profissão.

Temos então a seguinte descrição referente ao processo da entrevista social:

Atualmente entende-se que, muito mais do que um conjunto de regras e técnicas destinadas a resolver os problemas dos usuários, a entrevista é um instrumental técnico-operativo que permite realizar uma escuta qualificada e estabelecer uma relação dialógica intencional com o usuário, através da qual se busca conhecer a realidade social, econômica, cultural e política onde este está inserido e que incide direta ou indiretamente sobre as suas demandas (LAVORATTI, 2006, p, 82).

Pode-se dizer então que a entrevista no Serviço Social é a prática de escuta qualificada, tanto do usuário que escuta o profissional, quanto do profissional que escuta o usuário, ou seja, é um processo de diálogo que visa a intervenção na realidade social. Como citamos anteriormente, Lavoratti (2006) mostra que nossas intervenções devem ser articuladas dialeticamente com as dimensões que constituem a competência profissional do assistente social: teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativo.

No entanto, para que isso ocorre, Lavoratti (2006) nos alerta da necessidade de saber ouvir os usuários, reconhecendo as contribuições que a população atendida pode nos dar tanto em relação à identificação das demandas quanto à construção conjunta de estratégias de enfrentamento.

Dessa forma, a entrevista também é um espaço onde se manifestam as contradições presentes tanto na relação profissional-usuário (poder, autoritarismo, preconceitos, submissão, respeito, autonomia, participação, emancipação, etc.) como na relação indivíduo-sociedade (LAVORATTI, 2006, p. 85).

Por isso, caro(a) aluno(a), devemos ultrapassar o caráter messiânico e colonialista que marcou a profissão por longas décadas e colocava o assistente social em uma posição superior à da população atendida, considerando o usuário o único responsável por seu desenvolvimento.

De acordo com Lavoratti (2006), a entrevista é utilizada pelo serviço social em diversos espaços ocupacionais e políticas públicas, tendo cada espaço e cada política sua singularidade; no entanto, a autora define alguns parâmetros comuns a todas elas.

De uma maneira geral, a autora apontou dois objetivos da entrevista, sendo eles: conhecer a realidade do usuário e realizar encaminhamentos e orientações visando ao acesso aos demais direitos fundamentais do cidadão.

Portanto, para que os objetivos sejam alcançados de forma eficiente é necessário conhecer a realidade dos usuários e assim compreender as expressões da questão social que se manifestam em suas demandas, por isso é necessário compreender de que forma aquele problema afeta a vida do usuário.

Dessa forma, a partir de um conhecimento ampliado das demandas dos usuários, o assistente social poderá ampliar sua margem de intervenção no contexto institucional e construir estratégias que criem e/ou fortaleçam relações interdisciplinares e interinstitucionais para garantir a consolidação dos direitos sociais da população (LAVORATTI, 2006, p. 87).

Socializar as informações é outro ponto importante que Lavoratti (2006) traz como necessário para alcançar os objetivos de uma entrevista.

Sobre o assunto, cabe destacar o Art. 5° do Código de Ética, que diz que, dentre outros, é direito dos usuários ter acesso às informações que “garantam” acesso aos seus direitos e deveres, o que impõe a nós, enquanto assistentes sociais, a necessidade de publicizar as intenções e objetivos de nossos atendimentos. Como dever ético também cabe a nós orientar os sujeitos atendidos sobre as possibilidades e consequências das situações apresentadas e das intervenções tomadas, respeitando sempre o direito de escolha do usuário.

Dessa forma, o assistente social pode e deve utilizar o espaço da entrevista para veicular informações de interesse da população. Para tanto, deve manter um registro dos recursos públicos e privados disponíveis no seu município e região e conhecer a rede de atendimento, critérios de inclusão nos serviços sociais e possuir contatos de profissionais do Serviço Social (e de outras áreas afins) para onde possa realizar possíveis encaminhamentos de forma eficiente, agilizando o atendimento das demandas dos usuários (LAVORATTI, 2016, p. 87).

Levando adiante nossos estudos, falaremos de forma breve sobre os tipos de entrevistas: estruturada, semiestruturada e não estruturada.

De acordo com Lavoratti (2016), a entrevista estruturada é fechada e realizada por meio de um roteiro previamente elaborado, de forma que não pode ser alterada.

A semiestruturada, de acordo com a autora, tem um pouco mais de espaço para modificações; ela continua sendo formulada por questões norteadoras, mas tem abertura para novos direcionamentos.

Já a não estruturada a autora caracteriza como uma entrevista aberta, não no sentido de não ter um direcionamento ou intencionalidade, até mesmo porque todos nossos atendimentos e intervenções devem ser pautadas em objetivos específicos, mas esse tipo de entrevista nos conduz de forma mais livre às intervenções.

Como vimos anteriormente, o tipo de entrevista pode variar; no entanto, Lavoratti (2016) aponta algumas etapas comuns a todos os tipos: planejamento, operacionalização e registro.

Seguindo os estudos de Lavoratti, percebemos que planejar é organizar com clareza nossas atividades. Sendo assim, por meio do planejamento evitamos que assuntos e fatos importantes sejam esquecidos durante a entrevista.

Diante disso,

No planejamento da entrevista se faz necessário levar em conta os objetivos do profissional, os objetivos institucionais e as necessidades dos usuários para decidir qual a melhor modalidade de entrevista e se ela deverá ser individual ou grupal. Outro fator relevante nesta etapa é a escolha do instrumento de coleta de dados e o preparo prévio das perguntas (LAVORATTI, 2016, p. 91).

Lembrando sempre que, conforme a autora, o formulário pode conter perguntas abertas e fechada, mas cada uma deve conter um direcionamento claro e simples de forma a não induzir as respostas dos usuários.

Ainda nesta etapa, Lavoratti (2016) aponta a necessidade em nos atentarmos à organização do local de atendimento, garantindo a não interrupções de terceiros, a manutenção do sigilo profissional e, sempre que possível, o agendamento com antecedência da entrevista para que ambos, tanto o profissional quanto o usuário, possam se preparar com as informações necessárias.

Finalizando esta primeira etapa, Lavoratti (2016) nos traz como dica de tempo de duração de uma entrevista uma média de 50 minutos, podendo ser menos ou mais, dependendo de cada situação e da rotina de cada profissional dentro da instituição.

O segundo momento de operacionalização é a operacionalização da entrevista, mas neste item não vamos nos aprofundar muito, pois podemos seguir os critérios do acolhimento.

No entanto, vale destacar que, conforme Lavoratti (2016), é por meio da entrevista que buscamos uma comunicação efetiva, começando sempre pelo profissional apresentando a si mesmo, a instituição e seus objetivos.

Além das falas, existem momentos da entrevista em que o usuário se comunicará por meio do silêncio, que por sua vez poderá ter diversos significados, como tensão devida à ansiedade, medo por se sentir ameaçado de alguma forma, ou reflexão. Normalmente, após uma devolutiva por parte do profissional, o silêncio exprime desinteresse. Lavoratti (2016) em seu texto nos aponta esses silêncios como indispensáveis à leitura de como os sujeitos estão se sentindo no momento da entrevista, e a partir dessa percepção podemos mudar o direcionamento da conversa quando necessário.

Outro fato que pode ocorrer (e por experiência digo que ocorre com frequência) é o usuário em momentos de emoção não conter o choro; por algum tempo tive dúvidas sobre como proceder nesses casos devido a nossa limitação técnica. No entanto, existem atos chamados solidariedade, empatia e amor ao próximo, que cabem em qualquer momento.

E, então, analisando algumas literaturas, ouvindo alguns professores e passando por essas situações no cotidiano, constatei que nesses momentos podemos sim nos levantar, dar um abraço, um aperto de mão ou fazer algum gesto que manifeste humanidade e respeito à dor do próximo.

Sendo assim,

Caso o profissional perceba que as situações relatadas durante a entrevista acabam por provocar um sofrimento intenso no usuário (como por exemplo as situações de violências sofridas e que não foram tratadas), o profissional pode perguntar se o entrevistado gostaria de interromper momentaneamente a entrevista e/ou encaminhá-lo a outros profissionais, preferencialmente um psicólogo ou um psiquiatra para que sejam trabalhadas questões emocionais que extrapolam os conhecimentos e as possibilidades de intervenção no âmbito do Serviço Social (LAVORATTI, 2016, p. 96).

Entretanto, devemos sempre compreender nossas limitações técnicas e encaminhar o usuário sempre que possível a um outro profissional mais adequado para lidar com a questão, de preferência um psicólogo.

REFLITA

Empatia: respeitando à dor do outro

A dor, como o amor, remete a uma experiência radicalmente subjetiva. Aquele que sente a dor, dela diz, eu é que sei. Frente à dor do outro, há comoção, sofrimento (ou, mesmo, gozo), com maior ou menor distância e intensidade. Embora singular para quem a sente, a dor, como qualquer experiência humana, traz a possibilidade de ser compartilhada em seu significado, que é uma realidade coletiva (embora jamais possamos nos assegurar de que o que atribuímos ao outro, corresponda exatamente ao que ele atribui a si mesmo). Assim, dizemos que entendemos a dor do outro. Não é precisamente esta possibilidade que fundamenta o sentimento da compaixão, a comoção diante do sofrimento alheio? Mas como saber da dor do outro? E a nossa dor? Como vivenciá-la e expressá-la? Quem irá entendê-la e como? O que há de social num sentimento tão singular?

Fonte: Sarti (2001, p. 4).

Encerrando a parte operacional, é necessário esclarecer ao usuário as decisões tomadas e verificar se ele está de acordo com elas; o próximo e último passo são os registros das informações, o que falaremos a seguir.

De acordo com Lavoratti (2016), registrar as informações da entrevista é o mesmo que sistematizar as informações coletadas e transcrevê-las na forma mais técnica e clara possível, isso porque

É imprescindível que a linguagem utilizada nos relatórios e prontuários seja a mais clara, objetiva e técnica possível, tendo em vista que a documentação profissional também retrata a competência teórico-metodológica e técnico-operacional do Serviço Social, e pode subsidiar decisões institucionais e de outros profissionais (LAVORATTI, 2016, p. 98).

A autora fala como realizar esses registros com precisão diante dos limites da memória, e de acordo com ela podemos sim fazer algumas anotações durante a entrevista, mas é preciso foco nas palavras-chave que nos remeterão ao que o usuário falou, lembrando sempre de comunicá-lo sobre a necessidade e o motivo das anotações.

Planejamento

Organização anterior a entrevista;
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Operacionalização

Tempo de qualidade com o usuário;
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Registro

Sistematizar as informações.
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A seguir será discutido o encaminhamento em Serviço Social, que se trata de um instrumental utilizado na área visando a contribuir para que a população atendida tenha acesso aos serviços da rede e seus direitos.

Lavoratti (2016) em seus estudos mostra que o ato de emitir um encaminhamento não é apenas remeter nossos usuários a outros serviços disponíveis. Mais que isso, encaminhar é orientar cada indivíduo sobre a maneira correta de acessar um determinado serviço de forma integral; para que isso aconteça é necessário termos:

O domínio de informações referentes às diferentes políticas públicas também pode contribuir com o trabalho de democratização das informações aos usuários. No entanto, é necessário prestar informações corretas e atualizadas para evitar “idas e vindas” da população a diferentes órgãos. De preferência fazer o encaminhamento por escrito, anotando endereço e nome do profissional de referência (quando houver), além da documentação exigida em cada serviço ou programa (LAVORATTI, 2006, p. 88).

Outro aspecto importante é a necessidade de conhecer a rede de atendimento do município e região em que estamos inseridos.

Analise sua fala:

Para tanto, deve manter um registro dos recursos públicos e privados disponíveis no seu município e região e conhecer a rede de atendimento, critérios de inclusão nos serviços sociais e possuir contatos de profissionais do Serviço Social (e de outras áreas afins) para onde possa realizar possíveis encaminhamentos de forma eficiente, agilizando o atendimento das demandas dos usuários (LAVORATTI, 2016, p. 87).

Acrescentando a isso, Lavoratti (2016) fala da importância de uma boa comunicação, no sentido de compreender o vocabulário dos sujeitos, de forma a:

  • Compreender como estão organizadas as informações na cabeça dos indivíduos, como se dão suas relações sociais e como elas estão representadas.
  • Compreender seus valores, princípios e objetivos, priorizando intervenções de fato importantes para a população atendida e não para nós, profissionais.

Considerando a fala da autora, é necessário explicar, mesmo que brevemente, o objetivo do encaminhamento por meio de um breve relatório ou via chamada telefônica a fim de transmitir mais clareza sobre o que o usuário deseja e necessita, evitando que sejam feitas as mesmas perguntas.

Quando falamos de encaminhamentos no Serviço Social, é válido destacar a referência e contrarreferência que existe no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Exemplificando, citamos a maneira como o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome trata o assunto:

A função de referência se materializa quando a equipe processa, no âmbito do SUAS, as demandas oriundas das situações de vulnerabilidade e risco social detectadas no território, de forma a garantir ao usuário o acesso à renda, serviços, programas e projetos, conforme a complexidade da demanda. O acesso pode se dar pela inserção do usuário em serviço ofertado no CRAS ou na rede socioassistencial a ele referenciada, ou por meio do encaminhamento do usuário ao CREAS (municipal, do DF ou regional) ou para o responsável pela proteção social especial do município (onde não houver CREAS) (BRASIL, 2009, p.12).

E,

A contrarreferência é exercida sempre que a equipe do CRAS recebe encaminhamento do nível de maior complexidade (proteção social especial) e garante a proteção básica, inserindo o usuário em serviço, benefício, programa e/ou projeto de proteção básica. (BRASIL, 2009, p.12 ).

Os encaminhamentos por referência e contrarreferência ocorrem de forma constante no Serviço Social. Não somos profissionais messiânicos e trabalhamos sempre em conjunto com outros profissionais e com uma rede de serviços, e para que as demandas dos usuários sejam respondidas de forma satisfatória é necessário que as estratégias de intervenção sejam criadas e definidas em conjunto por uma equipe inter e multiprofissional de maneira intersetorial.  

Sendo assim, o encaminhamento por referência se trata de uma proteção de menor complexidade, enquanto a contrarreferência é um encaminhamento para uma proteção de maior complexidade.

SAIBA MAIS

Orientações técnicas da proteção social básica do SUAS - Centro de Referência de Assistência Social - CRAS

Considerando que o CRAS é a unidade em torno da qual se organizam os serviços de proteção básica, todos trabalhos e todo seu funcionamento deve ocorrer de forma coerente. Pensando nisso a cartilha para acesso trata-se de um documento que traz consigo um conjunto de diretrizes e informações para apoiar os municípios e o Distrito Federal no planejamento, implantação e funcionamento do CRAS. Apoia também os Estados e União no processo de acompanhamento da implantação dos CRASs visando também o aprimoramento dos que já foram implantados, buscando o fortalecimento do SUAS em um todo.

Fonte: Brasil (2009).

Acompanhamento Social: Prontuário Social e Ficha de Acompanhamento

Nossa próxima reflexão será sobre o prontuário social, documento que utilizamos para organizar documentos referentes à população atendida e as informações coletadas ao longo dos atendimentos.

Figura 2.2 - Acompanhamento social
Fonte: yupiramos / 123RF.

De acordo com o Conselho Regional de Serviço Social do Rio Grande do Norte-CRESS/RN (2018), o prontuário social foi definido enquanto o conjunto de documentos e registros que facilita e aprimora o atendimento ofertado à população, usuário do serviço ofertado pela instituição, desta forma:

O Conjunto incentiva o trabalho em equipes multiprofissionais como possibilidade de atendimento qualificado. No entanto, o uso do prontuário deve ser restrito ao registro de informações que são importantes à continuidade do trabalho realizado pelos demais profissionais (CRESS/RN, 2018, on-line).

Diante desta informação, podemos perceber que é por meio da elaboração e organização do prontuário social que assistentes sociais e outros profissionais da equipe inter e multidisciplinar poderão tomar ciência das demandas trazidas pelos usuários e das intervenções já realizadas com as famílias, preservando ainda todo histórico da população atendida pela instituição evitando que as famílias vivam um eterno recontar de suas histórias.

Observa-se, então, que os prontuários fornecem uma troca de informações entre a equipe técnica sobre as famílias, o que facilita a continuidade dos atendimentos prestados aos indivíduos mesmo com a mudança de profissionais da equipe.

Entretanto, cabe neste momento lembrar dos documentos de caráter sigiloso, que devem ser registrados e arquivados em um prontuário próprio do Serviço Social ao qual somente outros assistentes sociais têm acesso.

Conforme a Resolução do Conselho Federal de Serviço Social, CFESS nº 493/2006,

Art. 4º - O material técnico utilizado e produzido no atendimento é de caráter reservado, sendo seu uso e acesso restrito aos assistentes sociais. Art. 5º - O arquivo do material técnico, utilizado pelo assistente social, poderá estar em outro espaço físico, desde que respeitadas as condições estabelecidas pelo artigo 4º da presente Resolução (CFESS, 2006).

A Resolução do Conselho Federal de Serviço Social, CFESS nº 556/2009, esclarece a diferença entre documentos técnico e documentos técnicos sigilosos:

Art. 2º – Entende-se por material técnico sigiloso toda documentação produzida, que pela natureza de seu conteúdo, deva ser de conhecimento restrito e, portanto, requeiram medidas especiais de salvaguarda para sua custódia e divulgação. [...] Art. 3º – O assistente social garantirá o caráter confidencial das informações que vier a receber em razão de seu trabalho, indicando nos documentos sigilosos respectivos a menção: “sigiloso”. Art. 4º – Entende-se por material técnico o conjunto de instrumentos produzidos para o exercício profissional nos espaços sócio-ocupacionais, de caráter não sigiloso, que viabiliza a continuidade do Serviço Social e a defesa dos interesses dos usuários, como: relatórios de gestão, relatórios técnicos, pesquisas, projetos, planos, programas sociais, fichas cadastrais, roteiros de entrevistas, estudos sociais e outros procedimentos operativos (CFESS, 2009, on-line).

Conseguimos observar que o prontuário social, além de registrar os atendimentos e histórias da população atendida, garantem que as famílias e usuários não precisem contar diversas vezes a mesma história; esse registro é direito de cada usuário. Outro fato é o cuidado que devemos ter em sua elaboração e arquivamento, observando sempre a diferença entre o que é técnico e o que é técnico-sigiloso.

SAIBA MAIS

Prontuário do Sistema Único de Assistência Social - SUAS

O Prontuário SUAS tem como objetivo oferecer aos profissionais dos CRAS e dos CREAS um instrumento que os auxilie e oriente na organização das informações relativas ao processo de acompanhamento das famílias e indivíduos.  Espera-se que ele seja capaz de induzir o aprimoramento do processo dando visibilidade às múltiplas dimensões que devem ser consideradas no processo de acompanhamento familiar.

Fonte: Brasil (2014).

Junto ao prontuário social dos usuários temos também a ficha de acompanhamento, que de acordo Souza (2008) é um documento utilizado para registrar todo histórico de atendimentos dos usuários, podendo ser utilizado tanto para anotar informações sigilosas como para anotar as atividades desenvolvidas, telefonemas recebidos e realizados, dentre outras questões, de forma que toda equipe tenha acesso às informações.

No entanto, cabe destacar que a ficha de acompanhamento pode ser utilizada nas duas situações colocadas anteriormente mas arquivos distintos, e por isso precisamos ter clareza sobre o que é material técnico-sigiloso e o que não é, já que em todos os campos de trabalho nos deparamos com os dois tipos de materiais e informações.

Reunião/encontro: Ata

Souza (2008) nos apresenta a reunião como uma atividade desenvolvida em grupo que ocorre em espaços coletivos que tem como objetivo a definição de algo, ou seja, é por meio de reuniões que buscamos em conjunto ou comunicamos uma tomada de decisão, e por isso todas as informações e decisões devem ser registradas em Atas.

Figura 2.3 - Expressões em uma reunião
Fonte: rawpixel / 123RF.

Ou seja, a ata

É o registro de todo processo de uma reunião, das discussões realizadas, das opiniões emitidas, e, sobretudo da decisão tomada - e da forma como o grupo chegou a ela (por votação, por concenso, ou outra forma) (SOUZA, 2008, p. 129).

Sobre o relator da ata, Souza (2008) diz que ele pode ser um membro do grupo ou um funcionário da instituição, ambos normalmente são designados para a função.

Outra questão sobre a ata é que elas comumente são lidas ao final da reunião, momento em que os participantes a assinam após sua aprovação.

Trabalho de Campo: Diário de Campo

Por último vamos falar sobre a elaboração de um diário de campo. Conforme os estudos de Souza (2008), o diário de campo contém anotações livres do assistente social, e por meio dele podemos avaliar nossos trabalhos e intervenções e vislumbrar seus limites e possibilidades.

Figura 2.4 - Trabalho de Campo
Fonte: gajus / 123RF.

O autor ainda diz que este instrumental pode ser utilizado como fonte para pesquisas e novas propostas de intervenção.

Podemos lembrar também que, assim como diz Souza (2008), o serviço social é uma profissão que passou por diversas transformações ao longo de sua trajetória e desenvolvimento, e com nossa prática não é diferente.

FIQUE POR DENTRO

Instrumentos para a fiscalização do exercício profissional do(a) assistente social

Considerando a importância da padronização do registro da fiscalização no âmbito do Conjunto CFESS-CRESS, este material foi realizado tendo como um dos objetivos refletir sobre a política nacional de fiscalização do conjunto CFESS-CRESS, pensando então a autorregulação profissional e o papel ético-político da fiscalização do exercício profissional como conquistas a serem preservadas no legado da estruturação do Conjunto CFESS-CRESS.

Fonte: CFESS (2019).

Desta forma, ao registrar os atendimentos no diário de campo, estamos também fazendo uma reflexão sobre nossas intervenções; esse processo, caro(a) aluno(a), é cheio de aspectos que podem ser percebidos e melhorados por nós para que consigamos avançar cada vez mais em nossa prática profissional.

Indicação de leitura

A entrevista no Serviço Social

Autor: Adriéle Volpato Craveiro

Ano: 2018

Editora: Nova Práxis

ISBN: 9788590648406

A entrevista social é um instrumental direto utilizado pelos assistentes sociais nas mais diversas políticas públicas, sendo este um momento de extrema importância para desenvolvermos uma relação de confiança e respeito com os usuários, e foi pensando na amplitude de sua execução e sua importância ao exercício profissional que a autora desenvolveu esta obra, visando a preencher a lacuna que existe sobre o tema na graduação.

Indicação de leitura

As relações entre o Sistema único de Assistência Social - SUAS e o Sistema de Justiça

Autor: Ministério da Justiça

Ano: 2015

Editora: IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ISBN: 2175-5760

Considerando a constante relação entre a Política Pública de Assistência Social com o Ministério da Justiça e que tal relação atinge diretamente os usuários, o material foi desenvolvido para esclarecer alguns limites e possibilidades que existem nessa relação.


Chegando ao fim da unidade pode-se perceber que o processo de trabalho do assistente social passa por diversas etapas, que vão desde a preparação para uma intervenção até o registro das informações e atendimentos realizados.

No entanto, caro(a) aluno(a), ao realizar nossos atendimentos, intervenções e elaboração de documentos técnicos devemos seguir todo o embasamento teórico da profissão, observando sempre a dimensão técnico-operativa, teórico-metodológica e ético-política do serviço social.

Demonstrando também a maneira como devemos tratar os usuários, sempre com respeito e empatia, considerando seus desejos, objetivos e outros aspectos de suas vidas de modo a manifestar o respeito ao próximo, nos atentando às informações e registros sigilosos, que devem ser resguardados e arquivados da maneira posta pelo Código de Ética do Serviço Social de 1993.

Atividade

O processo de acolhimento no serviço social tem como algumas de suas finalidades levar ao conhecimento da população o objetivo do trabalho do assistente social e da instituição. Considerando o exposto assinale a alternativa correta.

Durante o processo de acolhimento devemos buscar descobrir se o usuário está de fato falando a verdade ou não.

Incorreta: Enquanto profissionais temos o dever ético de respeitar as colocações e opiniões dos usuários, e nisto não nos cabe o papel de investigar se suas falas são verdadeiras ou não, até mesmo porque a “mentira” pode ser uma ferramenta que os usuários utilizam para ter acesso à direitos burocratizados pelo Estado, e precisamos então de outras possibilidades de intervenção.

Considerando a capacidade técnica do assistente social torna-se indispensável considerar os objetivos postos pelos usuários.

Incorreta: Para realizar um acolhimento com excelência é necessário que o profissional, mesmo que com capacidade técnica, deixe de lado seus valores e passe naquele momento a considerar os valores e objetivos dos usuários.

O processo  de acolhimento, por ser considerado uma apresentação mais profunda dos papéis dos profissionais e da própria instituição, dispensa o uso da instrumentalidade em Serviço Social.

Incorreta: Por mais simples que pareça uma intervenção, todas elas devem ser embasadas na instrumentalidade da profissão.

Por ser um processo em que a população atendida é acolhida e sente-se à vontade em sua fala, os usuários por várias vezes acabam abrindo situações que não podemos de forma alguma abrir a outros profissionais da equipe.

Incorreta: A quebra do sigilo é permitida pelo Código de Ética do Serviço de 1993 quando as informações podem trazer prejuízos aos usuários ou a terceiros.

É direito do usuário estar de acordo com as intervenções propostas pelo profissional e dever do assistente social respeitar o desejo dos usuários.

Correta: O Serviço Social na contemporaneidade entende o usuário enquanto sujeito e autor de sua história, por isso sua participação é indispensável às intervenções.

Atividade

A anamnese social é um instrumental utilizado pelos assistentes sociais com muita frequência e em diversas áreas de atuação.

A anamnese social tem como objetivo principal a aproximação da realidade social de nossos usuários.

Correta: Por meio de uma entrevista direcionada por uma anamnese é possível conhecer a realidade da vida do sujeito e como a questão social interfere nela.

A ficha de anamnese social, por ser utilizada pelo serviço social, possui um padrão específico para todos os campos de atuação.

Incorreta: A ficha de anamnese é sim muito utilizada pelos profissionais do serviço social, no entanto cada espaço de trabalho possui suas especificidades e por isso não existe um único padrão e com as mesmas perguntas.

Por ser um documento onde os demais profissionais poderão ter acesso, o assistente deve incluir perguntas das outras áreas profissionais.

Incorreta: Em uma anamnese social precisamos nos atentar ao fato de conhecer sim a realidade do sujeito, no entanto é necessário estar atento àquilo que de fato é competência do Serviço Social.

A anamnese social tem como objetivo principal a aproximação da vida do usuário, no entanto, é necessário intervir na realidade do sujeito.

Incorreta:Todos os instrumentais do serviço social possuem um objetivo em comum, a intervenção social na vida do sujeito.

Na aplicação da anamnese social não existe a necessidade do sigilo profissional

Incorreta: No decorrer da anamnese social é muito comum que apareçam informações sigilosas, que precisam ser tratadas com cuidado.

Atividade

Tanto os usuários quanto os assistentes sociais possuem direitos e deveres no processo de acolhimento e atendimento. Considerando essa afirmativa assinale a alternativa correta.

É dever do assistente social ajustar os usuários à sociedade e dever do usuário aceitar tais ajustes.

Incorreta: A perspectiva de ajustamento permeou por décadas no serviço social brasileiro, no entanto, na perspectiva marxista, tal forma de intervenção foi superada pelo materialismo histórico-dialético.

É dever do assistente social respeitar os desejos e objetivos dos usuários.

Correta: Em todos atendimentos nossa intervenção deve estar vinculada ao desejo e objetivo do usuário atendido.

O assistente social, devido seu status na sociedade, tem o direito de agir com autoritarismo.

Incorreta: O autoritarismo por muito tempo esteve presente em nossa profissão, no entanto tal prática foi superada e hoje devemos entender sim que os usuários têm seus deveres, mas não estamos ali para obrigá-los a tomar determinadas decisões, mas para orientá-los sobre as possibilidades e consequências negativas de suas ações.

Não cabe ao assistente social democratizar as informações com os usuários, uma vez que qualquer outro membro da equipe pode fazê-lo.

Incorreta: Outros membros da equipe técnica podem sim realizar tais orientações, mas o Código de Ética de 1993 nos mostra que temos o papel de democratizar as informações com a população atendida, respeitando sempre o sigilo profissional.

Os usuários possuem o direito à participação na tomada de decisão das instituições, mas não é dever do assistente social contribuir para essa participação.

Incorreta: De acordo com o Código de Ética do Serviço Social de 1993, é dever do assistente social contribuir para a participação efetiva dos usuários na tomada de decisão das instituições.

Unidade Concluída

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